Por Pedro Mattosinhos
Quem nunca precisou de um serviço público e voltou ao departamento responsável, pelo menos, duas ou três vezes? Em grande parte dos casos, a falta de informação é a causadora desse desgaste – a educação e a boa orientação e transparência resolveriam isso. Por outro lado, a burocracia do serviço público é a grande causadora da morosidade no atendimento e também da falta de eficiência, apesar de ser um dos países líderes de governo digital no mundo.
Na maioria das Instituições públicas, os processos gerenciais estão longe de ser simplificados, ao contrário, eles carregam uma carga burocrática que atrasa o desenrolar de demandas que poderiam ser resolvidas em minutos. O argumento é a segurança e a necessidade de evitar erros, em um exemplo onde a solução dada gera mais transtornos que o problema em si.
Não apenas pela segurança que a vida do cidadão é drenada pelo Estado, também há falta de eficiência devido a incompleta integração dos diferentes sistemas que deveriam conversar – O governo colocando o cidadão para trabalhar para ele por algo que ele deveria fazer, como pegar um documento em um lugar e entregar em outro. Essa falha acontece não só entre as instituições, mas até mesmo dentro de uma mesma instituição.
Outro problema para endereçar é a informatização incompleta das instituições em alguns territórios ou aparelhos públicos, como pode ser visto ainda em postos de Saúde da Rede SUS, seja por falta de capacitação ou tempo disponível da força de trabalho para atualizar os sistemas, ou por falta de investimentos em tecnologia.
Um alento quanto a essa situação é que, no mês de janeiro, o governo federal criou o Ministério da Gestão Pública e Inovação (MGPI), com o objetivo formular e implementar a Estratégia de Governo Digital da Administração Pública federal, pela transformação digital e simplificação de serviços públicos, e pela governança e compartilhamento de dados.
A pasta é a chave para que os serviços públicos possam fazer a conversão de analógicos para digitais e também para que haja uma maior integração entre os serviços, com mais agilidade, confiabilidade e segurança para os dados públicos. Isso é motivo de comemoração para todos aqueles que já perderam horas nas filas das repartições públicas, e deve ser acompanhado atentamente – talvez daí venham as novas ideias que melhorarão a nossa vida de um dia para o outro, assim como o PIX fez.
Um ponto que deve ser ressaltado é que somos o 2º país do mundo no quesito de governo digital, segundo uma classificação do Banco Mundial. Um dos motivos é a integração de vários serviços na plataforma GOV.BR, que, atualmente, conta com mais de 140 milhões de usuários.
Além disso, a integração da identificação dos brasileiros, firmando o CPF como documento nacional, traz maior segurança, ainda mais em um país onde os bancos de dados das polícias militares, civis e a federal não são interligados.
Pedro Mattosinhos é Sócio da BaseLab, e formado em Economia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, com mestrado em Economia pela Universidade Federal Fluminense e MBA em Responsabilidade Social e Terceiro Setor pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.