Por Vanessa Érika Menezes
No Brasil, as mulheres representam apenas 12,32% dos políticos eleitos e está na hora de refletirmos o que afasta essas mulheres do parlamento brasileiro. As leis que preveem cotas para a participação feminina nas eleições contribuíram para dar visibilidade à baixa representatividade das mulheres na política, porém, a legislação atual não é suficiente para o cumprimento desses programas de incentivos. Exigências, como a regra dos 30% do fundo eleitoral, além de ainda gerar muitas dúvidas, não alteraram aspectos estruturais da nossa sociedade, como a violência de gênero.
Hoje, a mulher que decide ingressar na vida política, pelo simples fato de ser mulher, já enfrenta uma rotina exaustiva de discriminação, ameaças e violências. Um estudo realizado pela União Interparlamentar em 2016 com mulheres parlamentares de 39 países, mostrou que 82% delas já tinham sido vítimas de violência psicológica e 44,4% asseguram ter recebido ameaças de morte, estupro, surras ou de sequestro durante seus mandatos parlamentares.
Aqui no Brasil, um estudo recente realizado pelo MonitorA, em parceria da revista Azmina e InternetLab, revelou uma série de ataques discriminatórios nas últimas eleições, que foram desde ameaças, fake news, racismo, entre outros tipos de violência.
Enquanto os candidatos do sexo masculino receberam ataques por seus trabalhos ou posicionamentos, as mulheres foram atacadas por desmerecimento intelectual, críticas aos seus corpos, idade e pertencimento étnico-racial, e, isso inclui também às mulheres trans, que tiveram sua identidade de gênero negada. Ou seja, as mulheres sofrem ataques discriminatórios simplesmente por aquilo que são – mulheres, negras, idosas, trans.
Para lidar com esse problema, precisamos compreender o porquê as mulheres ainda são minoria na disputa e à frente de cargos públicos e encarar a realidade. A diferença entre os ataques recebidos por mulheres e homens é real e precisamos urgente avançar em legislações para proteger essas candidatas e essas mulheres que já estão no poder ( e ainda sofrem ataques) .
É importante, cada vez mais, utilizar a internet para dar voz às essas mulheres e outros grupos minorizados politicamente, para que as eles possam disputar as eleições de forma digna e permaneçam em seus cargos sem sofrer qualquer tipo de assédio ou importunação sexual, como aconteceu recentemente, em dezembro de 2020, com a Isa Penna (PSOL) durante uma sessão na Alesp.
O crescimento de mulheres na política tem que ser proporcional às condições de disputa e sua permanência deve ser assegurada de forma igualitária, pois, se não há condições para que as mulheres disputem as eleições e permaneçam em seus cargos com dignidade, sem sofrer qualquer tipo de violência física ou psicológica, elas continuarão sendo minorias ocupando os espaços de poder.
A violência política baseada em gênero não pode ser mais um obstáculo à participação das mulheres na política. Nós sabemos que as mulheres estão mudando a forma de fazer política no mundo e precisamos lutar, cada vez mais, pela equidade na sua atuação como, candidatas, líderes de partidos políticos e na ocupação de cargos públicos. Só assim, elas ocuparão mais espaços de poder e conseguiremos aumentar a representatividade feminina na política.
Jornalista com especialização em propaganda e Marketing, atua com estratégias digitais para campanhas políticas e comunicação de mandato. De Fortaleza (CE) e com atuação em toda região Nordeste, ajuda políticos e candidatos que precisam trabalhar a reputação e promover a sua presença on-line. Mantém a consultoria Convergência Política.
Está no Instagram como @vanessaerikaguiar.
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