Como faltam poucos dias para janeiro de 2021 e o começo dos novos mandatos municipais, reuni aqui algumas dicas que podem facilitar o planejamento do trabalho de vereadores por todo o Brasil. Ressalto que o planejamento já pode (se ainda não foi!) começar a ser feito. Ah, importante: Estes temas abordados são uma troca com a especialista em políticas públicas Barbara Furiati, amiga e grande parceira de trabalho. Pega a visão e já vai marcando as reuniões, porque, acredite, muitas serão necessárias.
Análise inicial
Saber qual a missão, objetivo, valores, metas e visão de futuro da liderança ajuda a definir o trabalho do começo ao fim. Essas delimitações têm um aspecto macro —e até mesmo subjetivos em alguns casos— e servem para apoiar ações específicas. Aqui na BaseLab fazemos uma reunião inicial para entender o momento da liderança e desejos. Isso ajuda na formação de um perfil de atuação e de discurso. Outro ponto importante da análise inicial é o mapeamento dos públicos prioritários que são impactados pelo mandato e a criação de um documento de perguntas e respostas frequentes, que devem estar nas primeiras ações de um planejamento eficiente.
Planejamento a médio e longo prazo
Embora o mandato parlamentar tenha quatro anos, é importante dividir o planejamento em períodos mais curtos, de três ou seis meses, com verificações periódicas. Isso facilita observar se o trabalho político está dentro dos rumos desejados e, se não estiver, corrigi-lo. Aqui cabe bastante verificar metodologias ágeis de planejamento, que dão dinamismo às equipes. Outro ponto interessante é o de incluir os objetivos em cronogramas para ver se as metas estão sendo cumpridas.
Conhecer os colegas de trabalho
É interessante analisar os outros vereadores eleitos e seus respectivos perfis. Isso serve para identificar possíveis aliados (dentro ou fora do partido) e aqueles que possam defender ideias mais conservadoras —e que é importante ficar de olho.
Estudar o regulamento interno e as leis municipais
No dia a dia do mandato, haverá profissionais aptos a ajudar os políticos nestas questões. Saber, no entanto, detalhes sobre o funcionamento da Câmara (tempo de tramitação de projetos, funcionamento das emendas parlamentares, regras para realização de audiências públicas etc) e particularidades atreladas ao Executivo (há programas de isenção de IPTU?, há dívida ativa e possibilidade de parcelamento? etc) pode enriquecer ainda a atuação do legislador ou legisladora. Uma boa forma de dar agilidade neste processo é promover seminários com os próprios funcionários de gabinete.
Lista preliminar com PLs a serem apresentados
Ao se ter os objetivos de mandato traçados, fica mais fácil pensar em propostas e ordem de apresentação que elas podem ser protocoladas. Há temas necessários para organização municipal, promessas de campanha e outros que geram buzz. É interessante que haja consonância entre o que for apresentado e o momento político da liderança. Durante o próximo quadriênio muita coisa vai acontecer, novas ideias e demandas populares vão surgir. Estar a par da movimentação soma ao processo de planejamento, mas um não o substitui.
Contratação de assessores parlamentares
As Câmaras, de modo geral, já possuem alguns quadros fixos à disposição dos vereadores -geralmente pessoas que entendem do funcionamento da Casa. Ocorre que funções de confiança, como chefe de gabinete e assessor de comunicação, por exemplo, podem ser indicações da própria liderança. Escolher a equipe de mandato a dedo, inclusive com profissionais com experiência no mercado, na academia e no setor público, pode dar insights para uma atuação inovadora. E como fazer a seleção? Não há resposta pronta. Há quem prefira lotar com quadros do partido e há quem abra processos seletivos. São decisões pessoais. Acredito que misturar competência, com alinhamento de ideologia e inovação é sempre uma boa ideia.
Planejamento de comunicação e mídia
Como a liderança irá se comunicar com a população, com as demais lideranças políticas e apoiadores? É importante fazer um planejamento a respeito de quais mídias sociais serão utilizadas e também quais mensagens e formatos serão passadas em cada uma delas. Ter um planejamento prévio ajuda posteriormente na inclusão de conteúdos de oportunidade e de se enxergar novas possibilidades. Uma boa dica é analisar o que funcionou melhor durante a campanha eleitoral e adaptar para esta nova fase. Os eleitores preferem vídeos? Gostam mais de montagens com foto + tuíte? Leem os textões? Tal análise será benéfica para formação do plano de comunicação adequado. Enfim, cada um destes tópicos têm uma série de questões que podem ser aprofundadas e detalhadas de forma personalizada para cada tipo de liderança e, claro, local do país. Me coloco à disposição para conversar mais sobre o tema. Vamo que vamo. Abraço!