Atualizado: 9 de nov. de 2020
Por Débora Sadde
Imagens em contextos errados, áudios com imitação de voz, mensagens com teorias conspiratórias, fotos alteradas, montagens, pesquisas falsas, ataques à imprensa tradicional, manipulação da linguagem para gerar uma interpretação equivocada da realidade são exemplos de como a desinformação é capaz de distorcer a realidade e, assim, implodir processos democráticos.
Mensagens políticas são essenciais para a formação de convicções. Das redes sociais é possível extrair informações sobre hábitos, características, opiniões de cada pessoa e, desta forma, pode-se ajustar e personalizar essas mensagens e influenciar as escolhas políticas. Por isso é tão fundamental a responsabilidade e a ética no tratamento desses dados pessoais sensíveis.
Sabemos que em eleições ocidentais passadas, em democracias consolidadas, o uso de manipulação de informação, combinado com impulsionamentos por perfis automatizados, acabou gerando um estado mental grupal apto a retirar do indivíduo o seu direito à formação de escolha livre e consciente, e, portanto, à liberdade de voto.
Esse efeito psicológico gerado foi devastador a ponto de influenciar no destino político, econômico e social de uma nação, imagine o que pode acontecer em um contexto muito mais local e pessoal como são as eleições municipais?
Evitar a possibilidade de replicação desses artifícios é dever de todos e de cada um. É essencial que haja um comprometimento de toda a sociedade civil, mas principalmente dos candidatos, no sentido de se ter um ambiente eleitoral imune de disseminação de desinformação, com uma atuação direta no combate a essas práticas, por meio de medidas de desestímulo da divulgação e do compartilhamento de notícias falsas, enganosas ou fraudulentas.
Para combater e se proteger das Fake News você, candidato, pode:
– Compartilhar conteúdos de conscientização e de como seus eleitores podem se proteger de notícias falsas;
– Criar uma página, uma seção em seu site, ou até um “destaques” no seu Instagram de checagem de fatos, notícias que eventualmente envolvam sua cidade ou sua campanha;
– Denunciar qualquer notícia que possa interferir nas condições de igualdade de disputa no processo eleitoral;
– Propor na sua cidade um documento para assinatura, no qual os demais candidatos possam se comprometer a não fazer uso da desinformação no processo eleitoral;
– Propor a criação de um Conselho Municipal com a participação da sociedade civil, governo, trabalhadores da comunicação, empresários do setor, entre outros, para discutir e instituir medidas concretas de enfrentamento à desinformação e boas práticas de proteção de dados pessoais, já que é um problema a ser combatido inclusive nas eleições futuras.
Débora Sadde é advogada e faz parte do Nossa Base, um projeto BaseLab para capacitação de profissionais que atuam em campanhas eleitorais. Ela está disponível para trabalhar em campanhas no Rio de Janeiro, Niterói e Região Sul Fluminense.
Sobre Nossa Base
É a primeira rede brasileira de profissionais eleitorais progressistas espalhados pelo Brasil.