Atualizado: 16 de jul. de 2020
Por Thiago Borges
As últimas eleições tem pautado uma mudança no modelo de fazer campanha. Não que os métodos tradicionais, como a panfletagem, bandeiraço e comícios, tenham desaparecido e perdido importância ou eficiência, mas novas formas vem se colocando, com as redes sociais.
Arrisco dizer que desde as eleições de 2010 sempre temos a “rede social da vez”. É interessante lembrarmos que se a cada eleição uma nova rede social entra para o radar, mesmo que a da anterior não deixe de existir e ter sua importância. Assim, caminhamos para o que vou chamar aqui de comunicação multiredes.
Não há dúvidas de que as redes sociais apresentam custo menor do que a produção e distribuição de material impresso. No entanto, é preciso saber usá-las.
Para os candidatos analógicos, aqueles que já têm uma trajetória política e nenhuma presença digital, valeria a pena estar em todas as redes ou escolher aquelas que concentram maior parte do seu eleitor-alvo? Para os que já estão em algumas redes, precisaria necessariamente estar em todas? Antes de qualquer coisa é preciso uma análise dos candidatos, suas bandeiras, perfil de eleitor e seu histórico.
A partir disso, escolher quais as redes mais se encaixam com esse perfil. Costumo dizer que é melhor não estar em todas as redes mas naquelas que estiver, apresentar um bom conteúdo.
A importância do Twitter
Cada rede social apresenta um estilo de apresentação da informação, uma linguagem própria. É possível usar a rede sem esse estilo, mas os resultados podem ficar muito aquém do esperado. O que mais vejo são candidaturas (e detentores de mandato com grandes assessorias também) que usam a mesma linguagem para todas as redes. Aqui está um grande equívoco.
O Twitter, que estava no seu auge lá por 2010, tinha reduzido de importância e estava renegado a um nicho de fãs. Nas últimas eleições, voltou ao centro do debate político. Sua principal característica hoje em dia é que ele passou a ser uma espécie de palanque virtual onde cabe frase curta, de impacto e que resume a opinião do político no momento. É como aquela declaração à imprensa na saída de um evento. Mas todos usam assim? Não! O Twitter é muito mais textual, apresentando de forma sintética a opinião e de forma constante, diária. Ainda é comum perfis que replicam conteúdos de outras redes ou postam todo o conteúdo de um dia em um único momento. Um equívoco. Os perfis que mais engajam são os que trabalham com o tempo do assunto, que publicam na hora em que o tema está em alta.
Planejamento estratégico nas mídias sociais
Mas então cada rede precisa ter um tipo de pauta? Não! Cada rede precisa ser trabalhada dentro da sua linguagem para falar sobre aquela pauta. Não se deve postar em uma rede, como o Facebook, e jogar o link no Twitter ou printar o post e colocar no Instagram. Lembram que cada rede tem uma linguagem? O trabalho em multiredes é justamente traduzir a mesma pauta para a linguagem de cada uma. O Twitter é textual, imediato. Para o Facebook é melhor um vídeo curto, um link de notícia comentado ou uma arte criada sobre o tema. No Instagram é melhor trabalhar com foto, como um álbum virtual. E assim em cada uma das redes. Falarei mais sobre cada uma delas em outros textos.
O que trago aqui como esse conceito de multiredes, é justamente saber usar o melhor de cada uma. A pauta pode (e deve) ser a mesma, mas respeitando a linguagem que mais renderá engajamento. Se a campanha não tiver estrutura para estar em todas elas, o melhor é escolher as que mais se encaixam no perfil do eleitor-alvo. Estar na rede apenas para marcar presença não traz resultado, pelo contrário, transmite uma ideia oportunista de querer ser o que não é.
Thiago Borges faz parte do projeto Nossa Base, um projeto BaseLab para capacitação de profissionais que atuam em campanhas eleitorais, e está apto a atender clientes em Florianópolis (SC) e região metropolitana.
Sobre Nossa Base É a primeira rede brasileira de profissionais eleitorais progressistas espalhados pelo Brasil.