Atualizado: 26 de out. de 2020
Por Beatriz Araújo
A importância do aumento no número de candidaturas trans, em partidos de diversos espectros ideológicos, sinaliza um passo importante no avanço de direito político LGBT+. Isso porque além do amadurecimento de nosso processo eleitoral, garante espaço para que outros segmentos da sociedade consigam participar.
Nas últimas eleições o Tribunal Superior Eleitoral disponibilizou o campo de Nome Social para suprir a necessidade das possíveis candidaturas trans. Antes era necessário utilizar o campo “Nome na Urna” como gambiarra para contornar esse imbróglio burocrático. Atualmente, no banco de dados fornecido pelo TSE não há identidade de gênero como marcador. Aproximadamente 200 pessoas solicitaram o nome social, sem contar as candidaturas que já possui o nome retificado.
Estima-se que aproximadamente 20% da população brasileira seja LGBT+. Ou seja, se houvesse a possibilidade de selecionar um momento que a representatividade e representação política são indispensáveis seria este pois é de extrema importância em uma sociedade plural como a nossa que haja a possibilidade das pessoas ver alguém que se pareça com elas tendo vivências semelhantes e agendas políticas em locais de poder exercendo o direito de tomar decisões.
Vale ressaltar toda descrença na política e o anseio por renovação. Portanto, eleições com candidaturas mais diversas criam maiores probabilidades de conquistar a atenção de potencias eleitores que possam estar indiferentes ou até mesmo desmotivados quanto a relevância de seu voto. Isso porque há vários fatores que são determinantes para uma pessoa a votar podendo ser: religião, raça, gênero, classe social ou até mesmo profissão entre outras tantas possibilidades que possa tornar uma candidatura viável e atrativa para o seu eleitorado-alvo.
Dito isso, a diversidade, seja de pessoas ou bandeiras políticas, é o caminho natural para se conquistar eleitores e aumentar a participação política da população em geral tornando todo o processo cada vez mais saudável, competitivo e democrático. Sendo necessário observar nessas e nas próximas eleições o desempenho e se a tendência será normalizada havendo mais candidaturas trans, como já vem sendo aos poucos por outros segmentos, inclusive sob incentivo institucional de leis, cotas e direcionamento do financiamento para tornar essas candidaturas páreas para outras com mais recursos materiais e/ou humanos e experientes na corrida eleitoral.
Beatriz Araujo é cientista política, gerente de projetos e faz parte do Nossa Base, um projeto BaseLab para capacitação de profissionais que atuam em campanhas eleitorais. Ela está disponível para trabalhar em campanhas em todo o país.
Sobre Nossa Base
É a primeira rede brasileira de profissionais eleitorais progressistas espalhados pelo Brasil.