Por Thiago Borges
Passadas as eleições, quero trazer dez pontos que considero terem sido fundamentais em nossa organização que culminou com a eleição de Carla Ayres (PT) como vereadora de Florianópolis (SC).
Ainda no início da pré-campanha, realizamos uma profunda análise de cenários e adversários e planejamos ações com objetivos específicos. Dividi estes cenários em 10 pontos que quero compartilhar com vocês.
Atuamos praticamente um ano entre campanha e pré-campanha e foi durante este período que executamos as ações. Ao final da eleição cumprimos todos os objetivos que haviam sido elencados após as análises.
Confira:
1) Candidatos da chapa
Mesmo ainda sem ter a chapa completa na pré-campanha, analisamos os candidatos e possíveis candidaturas da chapa à vereança do partido. É comum que elas tenham nomes já conhecidos ou que concorreram em outras eleições. Buscamos entender as origens, forças políticas que apoiam, se é o candidato de um deputado ou sindicato/associação e também que bandeiras pretendem defender na eleição. Com os que já haviam sido candidatos buscamos o número de votos em outras eleições e distribuição pela cidade.
2) Histórico do partido para proporcional
Embora existam ondas que possam fazer variações, os partidos tem um lineariedade no comportamento da sua chapa à vereança. Há fatores que possam indicar dobrar ou triplicar a chapa? Analisamos esse comportamento nas últimas eleições para tentar extrair o tipo de eleitor que o partido possui. Aqui consideramos gênero, raça e origem social deles dos candidatos em eleições anteriores.
3) Mesmas bandeiras
Independente de partido, se a sua candidatura terá uma ou mais bandeiras fortes e principais, os adversários diretos precisam ser mapeados. Além da análise é importante acompanhar como eles constroem sua comunicação e estratégias e os resultados que vem obtendo.
4) Campo político
A mesma pauta pode ter abordagem diferente em campos políticos opostos: direita e esquerda. Por isso mais do que mapear concorrentes por pauta ou no partido, analisamos os que possuíam similaridade dentro do mesmo campo. Em nosso caso, abarcados dentro da mesma coligação majoritária.
5) Cruzamentos de pautas, campo politico e geográfico
Após estas quatro análises anteriores, fizemos um cruzamento de informações verificando quem se destacava e teria mais força como concorrente. Com isso foi possível criar estratégias de neutralização.
6) Análise das redes sociais: temas e tipos de postagem
Em uma campanha em que as redes sociais foram ainda mais fortes, entender como se comporta cada uma delas é fundamental. Qual a quantidade de curtidas, que conteúdo gera comentários, o que gera compartilhamento e qual o perfil de quem está acompanhando. Isso é importante para que a campanha não fique presa em si mesma e a comunicação consiga de fato ampliar seu público.
7) Comentários são feedbacks espontâneos
Quem comenta já se engajou! E o que a pessoa fala pode ser fundamental para termos insights. Obviamente há muitos comentários genéricos e até os odiosos. Mas sempre é possível analisar e perceber as similaridades. Aquilo que se repete pode ser uma percepção comum há um grupo. Uma de nossas estratégias foi construída exatamente a partir disso.
8) Análise do discurso
Se você analisa concorrentes constantemente pode perceber as estratégias que eles usam em suas campanhas. Em uma fala, um tipo de postagem e até em uma #hashtag. Algumas delas inclusive podem ser contra a sua candidatura. Duas de nossas concorrentes utilizavam a estratégia de insistir no fato de serem nativas da cidade. Essa era uma fraqueza nossa e buscamos estratégias para neutralizar.
9) Comunicação reflete de fato o que você quer?
A comunicação que a campanha está construindo é a que a candidatura quer ou a que ela precisa? O conjunto visual precisa fazer sentido com o que se leva como mensagem. Ou seja, o estilo de fotos, slogan e cores precisam em conjunto expressar unidade para a candidatura.
10) Tenha estratégias e discursos específicos
A candidatura e seus valores devem ser os mesmos em todas as plataformas. Mas cada uma delas tem um tipo de linguagem. Assim decidimos apostar por exemplo, em duas redes: Twitter e LinkedIn. A primeira mais opinativa e com intenção de aproximação do público jovem. A segunda como posicionamento mais ameno, focando um eleitorado não tradicional ao partido mas ligado a fortes setores econômicos da cidade. As mesmas pautas foram traduzidas em cada rede de acordo com a sua linguagem.
Para cada uma das análises nós tiramos estratégias específicas, seja em posicionamento, comunicação ou na linha política. Conseguimos concluir todas elas e alcançar a eleição no dia 15. Analisar e planejar detalhadamente foi a melhor ferramenta para construção de estratégias.
Thiago Borges faz parte da Nossa Base, um projeto BaseLab para capacitação de profissionais que atuam em campanhas eleitorais, e está apto a atender clientes em Florianópolis (SC) e região metropolitana.
Sobre Nossa Base É a primeira rede brasileira de profissionais eleitorais progressistas espalhados pelo Brasil.