Por Vanessa Érika Menezes Os efeitos sociais, econômicos e de saúde da Covid-19 estão afetando desproporcionalmente as mulheres. Sobrecarga no trabalho doméstico, exposição a violência e vulnerabilidade econômica são aspectos potencializados pelo isolamento social que indicam a desigualdade de gênero.
A situação, que já era preocupante , tende a prejudicar mais mulheres com o fim do auxílio emergencial e sem nenhum outro projeto de benefício social do governo com data confirmada.
Muitas mulheres que não tem com quem deixar os seus filhos durante a pandemia, acabam por largar os seus empregos, para assumir papéis que lhes são impostos pela sociedade patriarcal.
Dados do IBGE mostram que 8,5 milhões de mulheres deixaram a força de trabalho no terceiro trimestre de 2020, na comparação com o mesmo período do ano anterior.
Não bastasse problemas econômicos decorrentes da pandemia do coronavírus, as mulheres são as mais atingidas também quando estão na linha de frente. 70% de todos os profissionais da saúde no mundo são mulheres, o que as expõe de maneira direta à Covid-19. Mulheres ocupam 85% das vagas no setor de enfermagem e técnicos de enfermagem e são quase metade dos médicos do país.
Se as mulheres são maioria no combate à linha de frente, elas são minoria em relação às tomadas de decisão sobre a Covid-19. Pesquisa realizada em 17 países mostra que elas são apenas 20% do comitê de emergência da OMS e um quarto dos decisores nos governos centrais.
Mulheres chefes de Estado e de governo estão mostrando ao mundo como encontrar soluções sustentáveis para a pandemia. É preciso um olhar atento para esses países liderados por mulheres e porque eles tendem a ter melhor desempenho. Embora saibamos que haja outros fatores sociais e econômicos que favoreçam estes países no enfrentamento à pandemia, a conduta desses líderes são bem diferentes e tudo tem a ver com o a diversidade.
O fato é que precisamos ouvir essas mulheres e o envolvimento delas em todas as etapas do processo legislativo, político e orçamentário. Mulheres, quando são líderes, tendem em sua grande maioria a experimentarem papéis mais colaborativos e responsabilidades que são afetadas socialmente pelo gênero. Assim, suas tomadas de decisões provavelmente serão pensando na minoria.
Ter mais mulheres na liderança é ter melhores políticas públicas e líderes adaptativas em busca de uma sociedade mais igualitária. Talvez, esse seja o caminho para romper esse ciclo e termos uma democracia mais sustentável. Sabemos que o avanço não é rápido, nem tampouco simples. Mas, e se a gente começar tendo atenção redobrada a grupos vulneráveis, mulheres negras e indígenas? Essa é uma forma de conseguirmos a preservação de direitos de todas as pessoas, afinal, a experiência, visão de mundo e pautas entre homens e mulheres, pretas e pretos são diferentes. E esse pode ser um bom começo.
Jornalista com especialização em propaganda e Marketing, atua com estratégias digitais para campanhas políticas e comunicação de mandato. De Fortaleza (CE) e com atuação em toda região Nordeste, ajuda políticos e candidatos que precisam trabalhar a reputação e promover a sua presença on-line. Mantém a consultoria Convergência Política.
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